Nos próximos dias publicaremos alguns textos informativos, bem como documentos históricos e historiográficos respeitantes a esta a temática.
No primeiro analisaremos de que forma a organização social, territorial e cultural romanas contribuíram para a rápida expansão da nova fé.
Após a morte de Jesus, a mensagem cristã difundiu-se rapidamente beneficiando de uma conjectura social e política muito propícias. Assim podemos atribuir o sucesso da expansão cristã a uma excelente rede de estradas, que facilitou a circulação dos discípulos e dos ideais cristãos; à unidade linguística do império, que facilitou a transmissão desses mesmos ideais; neste seguimento, uma intensa obra evangelização por parte dos apóstolos, quer pelas suas viagens, quer pela redacção dos quatro evangelhos do Novo testamento; ao “apostolado” de S. Paulo e de S. Pedro; à existência de comunidades judaicas (diáspora), um pouco por todo o Império, que acolheram bem este novo credo, por ser também monoteísta; o descontentamento e a insatisfação gerais da população romana devido às desigualdades sociais existentes; os valores defendidos pelo Cristianismo eram sinónimos de esperança para os povos oprimidos; a fuga da perseguição religiosa empreendida inicialmente por judeus conservadores, e posteriormente pelo Estado Romano; a existência de numerosas cidades; o cárter universalista da mensagem, uma fé que propõe que a mensagem de Deus destina-se a toda a humanidade e não apenas a um povo escolhido; o ideal de paz pregado pelos cristãos; e por último a corajosa resistência dos mártires cristãos, que, em tempos de perseguição enfrentavam as torturas mais cruéis.
Outro factor coadjuvante foi a crise que a própria religião tradicional romana, atravessava nessa época. Excessivamente formal e ritualista, incapaz de dar respostas satisfatórias às inquietações dos homens, que procuravam expectativas de felicidade no Além. A aliar a esta crise religiosa, as correntes filosóficas que circulavam, espalhavam a ideia de um Deus único, supremo e transcendente, adubando o caminho para o monoteísmo.
A cidade de Jerusalém foi o centro da primeira comunidade cristã até à sua destruição pelos Romanos em 70 d. C., por ordem de Tito, que mandou destruir também o templo. O centro do movimento cristão irradiou então a sua influência a outros núcleos urbanos da Palestina. No entanto ironicamente a sua expansão foi mais limitada na Palestina do que noutras partes do Império. Devido a perseguição movida pelas autoridades religiosas judaicas, e à morte do primeiro mártir, Estêvão, o Cristianismo começa a conquistar os judeus dispersos por todo o Império Romano, ganhando força sobretudo nas províncias orientais do Egipto, da Ásia Menor e da Grécia. A conversão dos judeus de Alexandria, Éfeso, Antioquia e Corinto abriu as portas para a conversão dos povos pagãos.
No que diz respeito ao ocidente formou-se uma importante comunidade em Roma em meados II d.C.. Nas Gálias, a expansão cristã teve como eixo principal o vale de Ródano. Também chegou à Germânia e à Britânia. Na remota Hispânia, expandiu-se de forma inicial nas áreas romanizadas, sob a influência de Roma e do vizinho cristianismo africano.
Num determinado momento, os cristãos sem raízes judaicas ultrapassaram em número os judeus cristãos. A acção do apóstolo Paulo neste sentido foi crucial. Paulo de nasceu judeu, com estatuto de cidadão romano, mas pouco depois da morte do mártir Estêvão converteu-se ao Cristianismo, acabando por se tornar um dos principias instrumentos de transmissão da mensagem de Cristo aos gentios através das suas Epístolas direccionadas às comunidades cristãs.