7 de agosto de 2012

Perseguições de Nero


“Nenhum meio humano, nem os gestos de generosidade do imperador [Nero], nem os ritos destinados a aplacar [a ira] dos deuses, faziam cessar o boato infame de que o incêndio havia sido planejado nas altas esferas. Assim, para tentar abafar esse boato, Nero acusou, culpou e entregou às torturas mais deprimentes um grupo de pessoas que eram detestadas por seu comportamento e que o povo chamava “cristãos”. […]Primeiramente começou-se a prender aqueles que se reconheciam como cristãos; depois, a partir da confissão destes, muitos outros foram considerados culpados, mais pelo ódio do género humano do que pelo próprio incêndio. À execução deles foi acrescentada a zombaria, cobrindo-os com peles de animais - a fim de que morressem mordidos por cães - ou pendurando-os em cruzes - a fim de que servissem como tochas vivas para iluminar a noite. Nero oferecera seus jardins para este espetáculo e organizava jogos no circo, misturando-se ele mesmo ao populacho com roupas de auriga, ou ficando de pé sobre um carro. Desta forma, ainda que estes homens fossem culpados e merecessem ser castigados com rigor, acabavam por despertar a compaixão, estimando-se que não eram sacrificados pelo interesse da nação, mas pela crueldade de um só homem.”

Excerto do Livro de Tácito, historiador romano  “Anais”, livro XV, 44

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